segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Tous Les Visages De L'Amour -Tradução

Canção da Plenitude
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força -- que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

Lya Luft

domingo, 18 de novembro de 2012

Desprezo? Não... Não chegaria a tanto,
Minha alma o quis num passado tristonho,
O conheci numa noite em pleno sonho
Desde então varri da mente todo o encanto...


Vazio? Não... Não quero em mim o pranto
Nem deixar alguém triste, magoado,
Deixe que o sentimento morra, seja enterrado
Como um pesadelo esquecido num canto

Ah! Já me refiz de quedas constantes!
Quero esquecer mais esta, que fique distante,
Saio de cena, calma e serena!

Deixar um sentimento que assim termina,
Sem mágoa, sem dor, nada que se lastima.
Amor? Até que sinto, mas não quero pena.

Betânia Uchôa
"Em consideração a mim, cobri-me de recuos.
Eu, que de docilidade me fizera.
Antes avara desse tempo que resta.
Se em muitos me perdi, uma que sou
É argamassa e pedra.

Guardo-te a ti.
Em consideração a mim.
Redescoberta."
Hilda Hilst

sábado, 17 de novembro de 2012

CHARLES AZNAVOUR - HIER ENCORE (legendado)

she-tradução

Soneto do Anjo


Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando…
Negros olhos as pálpebras abrindo…
Formas nuas no leito resvalando…

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Álvares de Azevedo

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ser... não sendo
Hoje foste silêncio,
palavra não articulada,
nota musical não tocada.
Não murmuraste no vento,
não ecoaste na sombra,
não cantaste
a melodia triste das ondas.
Foste voz calada,
boca cerrada,
olhar ausente.
Hoje simplesmente
esgotaste as memórias
do alfabeto,
não juntaste as letras,
esqueceste
que o verbo estar existe,
mesmo não estando.
Hoje foste
ausência de rumores encantados,
vazio repleto
de mudos sons,
reclusão
de exclamações vibrantes.
Hoje, meu amor de ontem,
simplesmente não foste!
Rita Pais
A Tua Boca
A tua boca. A tua boca.
Oh, também a tua boca.
Um túnel para a minha noite.
Um poço para a minha sede.
Os fios dormentes de água
que a tua língua solta num grito cor-de-rosa
e a minha língua sorve e canta
e os meus dentes mordem derramando a seiva
da tua primavera sem palavras
o poema inquieto e livre que a tua boca oferece
à minha boca.
As loucas bebedeiras de ternura
por essa viagem até ao sangue.
Os beijos como fogueiras.
As línguas como rosas.
Oh, a tua boca para a minha boca.
Joaquim Pessoa

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Amor que morre

O nosso amor morreu ... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano morre ... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia ...

Eu bem sei, meu Amor, que prá viver
São precisos amores, prá morrer.
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há de vir!

Florbela Espanca
Eu quero apenas amar-te lentamente
Como se todo o tempo fosse nosso
Como se todo o tempo fosse pouco
Como se nem sequer houvesse tempo.
Joaquim Pessoa
HOJE...SÓ HOJE!!
Hoje!! Quero a intensidade no olhar
A sensibilidade do toque nas mãos
O gosto do beijo molhado nos lábios
Tua pele macia aquecendo a minha
....Teu perfume impregnando o ar
Embriagando-me completamente de ti
Hoje!! Quero te chamar de meu amor
Ser inteiramente tua e ter você pra mim.
(Kity Araújo)
Lei de Direito Autoral (nº 9610/98)
EM CONSTRUÇÃO!!
Eu estou assim...em construção...
Tentando refazer-me por dentro
Jogando fora restos de sentimentos
Despindo-me de lembranças doídas
Limpando as gavetas, abrindo as cortinas
Secando lágrimas, curando as feridas
Dessa vez!! Sendo meu próprio refúgio
Podendo ir e vir quando bem quiser
Acreditando que sou porta aberta
E mesmo sendo guerreira, sou doce
Sou uma frágil menina no corpo de mulher
Estou cansada desse retiro solitário
Desse vazio no peito chamado ilusão
Quero meus sonhos de volta, meu mundo
Um sorriso na face e a magia no olhar
Coração renovado para uma nova paixão
Ah!! Eu estou assim...em construção.
(Kity Araújo)
Lei de Direito Autoral (nº 9610/98)

terça-feira, 13 de novembro de 2012


"Soneto da Separação"
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
 De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Moraes)
Recordações (Francisco Otaviano)

Oh! se te amei! Toda a manhã da vida
Gastei-a em sonhos que de ti falavam!
Nas estrelas do céu via teu rosto,
Ouvia-te nas brisas que passavam:
Oh! se te amei! Do fundo de minh’alma
Imenso, eterno amor te consagrei...
Era um viver em cisma de futuro!
Mulher! oh! se te amei!
Quando um sorriso os lábios te roçava,
Meu Deus! que entusiasmo que sentia!
Láurea coroa de virente rama
Inglório bardo, a fronte me cingia;
À estrela alva, às nuvens do Ocidente,
Em meiga voz teu nome confiei.
Estrela e nuvens bem no seio o guardam;
Mulher! oh! se te amei!
Oh! se te amei! As lágrimas vertidas,
Alta noite por ti; atroz tortura
Do desespero d’alma, e além, no tempo,
Uma vida sumir-se na loucura...
Nem aragem, nem sol, nem céu, nem flores,
Nem a sombra das glórias que sonhei...
Tudo desfez-se em sonhos e quimeras...
Mulher! oh! se te amei!
VOCÊ NUNCA ESTÁ SÓ
Você nunca está só. Sempre ao seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar
Você bem sabe: o pensamento é alado
Voa como uma abelha sem parar.
Veja: caiu a tarde transparente
A luz do dia se esvaiu... Morreu
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.
O vento, ao pôr do sol, num balanço de rede
Agita o ramo e o ramo um traço descreveu
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.
Se uma fonte a correr chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.
Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu
Esta lágrima, juro, não é sua
Foi dos meus olhos que caiu...
Olegário Mariano

1889 - 1958
Todos os direitos reservados ao autor



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Foi então que ela viu no calendário
um sofrimento diário
uma dor que tinha número
e uma aflição já havia um mês
foi então que resolveu queimá-lo
e trocá-lo por uma ampulheta
que baixa a dor mais rápido
e mata O amor de vez
Martha Medeiros

domingo, 4 de novembro de 2012

Amália / **Vagamundo** /

Amália /**As mãos que Trago**/

Amália /**Acho inúteis as Palavras**/

Amália /**Meu Limão de Amargura**/

Amália /**Maldição**/


Uma oração pra você
Pedi ao pai para que guiasse seus passos,
Que iluminasse sua mente.
Uma benção especial de sua graça.
Pedi aos anjos para ficarem todo o tempo
Com você,vigiar e proteger,
Em tudo o que você fizer.
Quando eu orei ao pai para que...
Lhe enviasse nas asas dos anjos,um toque
De amor e bondade.
Pedi para que sussurrem em seus ouvidos
Paz e alegria, canções de amor e
Felicidade em delicada sinfonia
Angelical embalando seu sono .
Mas...
Ainda fiz apenas mais um pedido:
Que o pai permitisse que os anjos
Que te protegem,lhe proporcionem
Serenidade.Assim quando você sentir
Uma leve brisa tocando o seu rosto,não se assuste!
Pois são os anjos enviados
De Deus,que pedi que
Viessem te proteger.
William Shakespeare